Segunda-feira, 22 de agosto, Dia do Folclore. Em São Cristóvão, foi realizada na manhã de hoje, a II Jornada de Estudos sobre a Cultura Popular. O evento é uma realização do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Cultura, em parceria com a superintendência do Iphan em Sergipe e com a Secretaria de Cultura e Turismo de São Cristóvão, que traz o eixo temático “Patrimônio Imaterial: uma construção”.Reunidos na Casa do Iphan, professores e estudantes do Colégio Elísio Carmelo, além de historiadores e demais interessados na temática assistiram à abertura do evento feita pelo grupo final da oficina de pífano realizada durante a semana anterior, pelo professor Edmar Santos, dentro do projeto “Agosto de Todos”, da Secretaria de Estado da Cultura. Adolescentes e jovens nos pífanos, acompanhados do professor Edmar, à zabumba e uma voluntária, ao triângulo, apresentaram dentre as músicas tocadas, o hino do sertão, eternizada pelo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a “Asa Branca”, prendendo a atenção de todos e aplausos pelo resultado da dedicação dos participantes da oficina. Ao final da apresentação do grupo, o professor Edmar revelou que a partir de setembro, estará às sextas-feiras, no Museu Histórico de Sergipe, a partir das 10h da manhã, onde ensinará pífano, com o intuito de despertar essa identidade e formar um grupo para levar adiante essa história. Na platéia, a superintendente estadual do Iphan, Terezinha Alves de Oliva, mostrou-se maravilhada pela proximidade dos adolescentes com o que é do povo. Mediada pelo historiador e diretor do Museu Histórico de Sergipe, Thiago Fragata, após o pífano, a palavra foi passada à superintendente Terezinha.Responsável pela palestra inicial, Oliva apresentou a temática “Manifestações da lúdica folclórica em Sergipe”, o que levou os estudantes a citarem adivinhações como “O que é o que: nasce grande e morre pequeno?”, “O que é o que é que: pintadinho como guiné, fala sem ter boca, anda sem ter pé”. Reveladas as respostas, o lápis e a carta, respectivamente, toda a platéia estava entrosada e à espera da fala de Terezinha. Em sua apresentação, falou sobre o desbravador e a importância do papel deste para a manutenção da cultura popular. “Desbravadores são aqueles que vão abrindo caminhos nas pesquisas do século XX. Porém, antes mesmo no século XIX, Sílvio Romero realizou estudos importantes. Por isso, o desbravador deixa trilhas que serão percorridas posteriormente”, afirmou. Abordou, também, o surgimento do DCPH, em 1970, a partir de quando a Cultura passaria a receber uma atenção específica. “Antes, a Cultura era tratada junto com a Educação, mas atualmente, recebe a atenção específica, por isso chamo-o de pai das secretarias e Cultura”, confirmou.Em sua fala, fez menção à professora Beatriz Dantas, que se preocupou em catalogar os cantos dos brincantes, já com a preocupação de eternizá-los. “Na década de 70, foram localizadas 13 manifestações já extintas, a exemplo da Festa da Cabocla, no município de Tomar do Geru, e o Pastoril, em Carira, tendo esse registro sido publicado em livro”, enfatizou, além de reconhecer a importância do trabalho desenvolvido pela secretária Aglaé Fontes para a recuperação do Langa e do Reisado de São Cristóvão. Em seguida, a fala foi da secretária Municipal de Cultura e Turismo, a professora Aglaé Fontes, que caminhou muito próxima da primeira, definindo a sua exposição como trilhas, citou diversos desbravadores como William John Thoms, responsável pela denominação do ‘Folclore’, saber popular, ao que antes se conhecia, meramente, como antiguidades. Entre os citados, Paulo Carvalho Neto, com mais de 40 obras publicadas, foi obrigado a sair do país durante o golpe militar, em 1964, devido às perseguições. “Nenhum movimento surge sem que existam pessoas que tenham força contra aqueles que não dão valor”, disse. Em sua segunda trilha, como denominou, resumiu que quem salvará o patrimônio da cultura popular serão os estudantes e que cabe à escola suprir esse caminho a ser desbravado.Aberto o debate, a professora do ensino médio do Colégio Elísio Carmelo, Denise Maria Barroso, revelou muito receio quanto á responsabilidade de promover essa aproximação entre o estudante sancristovense e a sua própria cultura. “Na verdade, tenho medo de assumirmos essa responsabilidade, pois São Cristóvão parecia estar adormecida e só após a titulação da Praça São Francisco é que passou a se dar conta de sua história, cultura, folguedos, por isso mesmo que os nossos alunos não sabem responder perguntas sobre os grupos. Tenho buscado referências literárias para subsidiar atividades em sala de aula sobre o tema, mas creio que o resultado será colhido num futuro próximo”, desabafou a professora.A secretária respondeu em seguida. “Os elementos necessários são a valorização, a responsabilidade e a consequência. A cultura popular não está no DNA, por isso é preciso conhecer e se apaixonar por ela, do contrário, cairá no esquecimento. A identidade nacional não é um fenômeno, mas a construção”, completou Aglaé, ponde-se à disposição da professora para auxiliar nas referências e demais formas de trabalhar a temática de forma contínua com os estudantes. A superintendente do Iphan em Sergipe, Terezinha Oliva, pontuou que o medo ao qual se refere a professora Denise, revela a importância que esta trata a necessidade de aproximar os estudantes da cultura local, o que é um bom indício.Assim seguiu a conversa, com sorteios de brindes, livros sobre a cultura popular, premiados à biblioteca do colégio e aos estudantes. Iphan- Estão abertas as inscrições da Oficina “Sentir e Agir”, que acontece no período de 24 a 26 de agosto, onde serão preenchidas turmas para o período da manhã (a partir das 8h 30 min) e da tarde, a partir das 14h. Mais informações pelo telefone 3261-1436 ou pelo endereço eletrônico casadoiphnsc@hotmail.com.
Texto: Yara Santos
Texto: Yara Santos