22 agosto 2011

AUDIÊNCIA PÚBLICA TRATA DE SEGURANÇA EM SÃO CRISTÓVÃO







São Cristóvão, conhecida pelo seu conjunto arquitetônico histórico-cultural a céu aberto, quarta cidade mais antiga do país, detentora do título de patrimônio da humanidade, diplomado à Praça São Francisco, hoje, sofre com a mancha da violência que se alastra pelo município como uma epidemia, vitimando famílias de trabalhadores, diariamente. Para tratar da problemática, foi realizada na manhã da última sexta-feira, 19, uma audiência pública, sobre Segurança no município, onde foram reunidas autoridades do estado, judiciário, militar e municipais, em busca da contenção do que vem retirando a paz dos sancristovenses, a criminalidade.
Realizada no auditório do Fórum Desembargador Gílson Góis, à mesa, com as demais autoridades, o delegado da 12ª Delegacia, localizada na sede do município, Wernner Azevedo, revelou que até o mês de junho, foram contabilizados em São Cristóvão, 41 homicídios; cuja população aferida pelo IBGE é inferior à de Nossa Senhora do Socorro, com 25 homicídios; Itabaiana, com um quadro de decréscimo, de 19; Lagarto, com 25, o que classifica a cidade histórica em vigésimo lugar na realidade brasileira, sendo equiparada a metrópoles como Rio de Janeiro e Salvador. “Para começar, é preciso um choque da presença do Estado, no município”, afirmou contundentemente.
Durante os seus 10 anos de experiência, o delegado da sede do município revelou que instalou um Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) no município da Barra dos Coqueiros, onde trabalhou e reduziu o índice de criminalidade, sendo essa a proposta para a cidade histórica, o que já conta com o apoio do prefeito municipal, no que está dentro da alçada da Prefeitura, como a concessão de um terreno para a construção do centro. “A mudança na Segurança acontecerá a partir da convergência entre todos os órgãos no mesmo objetivo e na modificação da estrutura física, que ainda corresponde há a 20 anos”, explicou.
O representante da Secretaria de Estado de Segurança Pública, o adjunto, João Batista, sintetizou a razão pela qual a criminalidade no interior chegou a tal ponto no estado, dizendo que há 15 anos, a Segurança Pública ainda era centralizada na capital e, hoje, os prefeitos têm se preocupado, enquanto administradores e gestores, pois a violência tem migrado dos grandes centros para o interior do estado. “Em São Cristóvão, especificamente, o prefeito Alex Rocha tem demonstrado preocupação com a segurança no município”, reconheceu.
O secretário adjunto implementou em sua fala, números para comparação de 2010, quando foram encaminhados para o sistema prisional, 2.190 pessoas, uma média de 6 pessoas/dia. “São Cristóvão se tornou um município onde o homicídio é uma constante. Para darmos início ao melhoramento da realidade atual, se faz necessário um pacto com as prefeituras, vereadores e sociedade civil organizada, além das polícias e do Ministério Público. A Segurança, durante o governo Déda, nunca foi político-partidária, por isso trabalhamos para salvar vidas”.
Levada em grande conta, a experiência do delegado no município da Barra dos Coqueiros, servirá de modelo para São Cristóvão. No primeiro, o juiz implantou uma portaria sobre o funcionamento de Bares, determinando horários, e a limitação da frequência de menores a esses lugares, além da comunicação antecipada de eventos no município.
O Coronel Adolfo responsável pelo Comando que engloba o município de São Cristóvão revelou algumas das dificuldades enfrentadas, a começar pela área atendida que vai da Avenida Saneamento, na capital, até Itaporanga. Também foi citada a deficiência do contingente. “No mês de janeiro, 153 homens pediram aposentadoria e ainda não houve a reposição do contingente, contando, atualmente, no município, com 44 homens e 4 viaturas”, disse.
O juiz da comarca, Manoel costa Neto, esteve presente à mesa durante toda a audiência, quando abordou a temática das drogas, que assolam as famílias, destruindo a vida de adolescentes, levando-os à criminalidade e, finalmente, à morte.
“É preciso realizar o cadastramento de todos os bares e casas de shows de São Cristóvão, o que deve ser feito pelo poder público municipal, especificando o horário de funcionamento, como um tipo de alvará, gratuito. Além da cobrança do cadastramento, o juiz solicitou do prefeito, a criação de uma guarda municipal e a construção de um Centro Integrado de Segurança Pública.
O prefeito Alex Rocha, interessado em unir forças para solucionar a questão da segurança no município, revelou que o cadastramento dos bares e casas de shows já foi realizado no ano de 2010. Por outro lado, o gestor relembrou às autoridades militares presentes que a polícia patrimonial apresentada na Praça São Francisco, durante solenidade, era composta por 10 policiais reformados, com duas viaturas para a realização do patrulhamento em todo sítio histórico, mas isto não vem ocorrendo.
“De acordo com o que nos foi informado, os policiais deveriam estar guardando as praças e os prédios históricos, contra atos de vandalismos, mas no município, isto não vem ocorrendo, nós fomos enganados”, desabafou o gestor.
Mesmo as questões das dificuldades estruturais da polícia caberem ao Estado, o prefeito assumiu a responsabilidade sobre a iluminação pública; pavimentação das vias, o que já teve início para a acessibilidade das viaturas; concessão de espaço para construção de mais delegacias e a criação de uma guarda municipal.
Alex ouviu todas as solicitações feitas pelas autoridades inclinou-se a favor das medidas que solucionem a questão da criminalidade no município e se dispôs a reunir-se com o secretário de Segurança Pública, João Eloy, na próxima semana, onde estarão representadas polícia militar e civil.
Entre magistrados, legislativos e executivos, estiveram presentes, o prefeito municipal, Alex Rocha; o juiz da comarca de São Cristóvão, Manoel Costa Neto; o presidente da Câmara de Vereadores, Paulo Roberto de Santana; o pároco da Igreja Nossa Senhora da Vitória, Padre Valdson; secretários; representantes de conselhos municipais e da Saúde; além de empresários; e sociedade civil organizada, que utilizou a oportunidade para serem ouvidas.

Texto e foto: Yara Santos