26 novembro 2010

PREFEITURA APOIA MARCHA DO DIA INTERNACIONAL DA NÃO-VIOLÊNCIA ÀS MULHERES

Na manhã de ontem, 25, mulheres de todo o estado participaram da Marcha do Dia Internacional da Não-Violência Contra as Mulheres, que aconteceu na capital, onde o município de São Cristóvão marcou presença através do Sindicato das Trabalhadoras Rurais e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (COMDIMSC).
“A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadorias”. Foi ao som de batuques, carro de som, como em forma de desabafo, milhares de mulheres levantaram faixas e bandeiras e partiram em caminhada até a delegacia da mulher, saindo da Praça da Bandeira, em Aracaju.
O sindicato das trabalhadoras rurais vem participando de eventos fora do estado, onde representa a mulher sancristovense, com cerca de um ano de criação, o COMDIMSC, participou pela primeira vez de um evento com o porte estadual, que contou com a presença de várias entidades de diversos municípios sergipanos, dentre eles: Indiaroba, Lagarto, Itabaiana, Neópolis, Itabi, Graccho Cardoso, Santa Luzia, Simão Dias, Boquim, através de suas mulheres.
A participação no evento realizado pelo Governo Federal, através da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que conta com o apoio do Governo de Estado, através da Secretaria da inclusão, Assistência e do Desenvolvimento Social, por meio da Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres faz parte da programação do município de São Cristóvão.
Durante os 16 dias de ativismo, iniciado na última quarta-feira, na Câmara de Vereadores, onde contou-se com a presença de parlamentares, gestores públicos, ativistas e a comunidade interessada, as mulheres mobilizarão o município.
Conhecedora da realidade da mulher sancristovense, a presidente do COMDIMSC, Gilvânia de Souza, revela que este ano, encontram-se em andamento 37 casos de violência contra a mulher. “Infelizmente, no município de São Cristóvão, existem muitos casos de violência contra as mulheres, sendo que os 37 em andamento não representam nem 50% do que realmente ocorre, fora os que são retirados as queixas, devido à vergonha diante da sociedade”, contabilizou a presidente.
A mesma informa, também que, no município, o COMDIMSC recebe o apoio da delegacia na pessoa do Dr. Ronaldo Marinho, o qual, junto com sua equipe, está construindo uma sala feminina, onde serão atendidas as mulheres, de maneira personalizada e privativa, com o objetivo de realizar o atendimento à mulher vítima de violência, acolhendo-a e mantendo-a em segurança para que possa fazer a ocorrência circunstancial.
A vice-presidente do Conselho da Mulher de São Cristóvão, Joelma Gonçalves da Silva, informou que para participarem da marcha o COMDIMSC contou com o apoio da Prefeitura Municipal de São Cristóvão, que ofereceu toda a estrutura logística para transportar as mulheres.
“Com menos de um ano de criado, esta é a primeira vez que participamos de um ato dessa proporção. Estamos nos qualificando, as conselheiras recebem capacitação para orientar as mulheres que procurarem o órgão, muitas vezes, vítimas de violência física”, informou Joelma.
“Essa luta é nossa, essa luta é do povo, é com as mulheres que se faz um Brasil novo”. Foi entoando esses versos que o cortejo chegou até a delegacia da mulher, onde foi realizado um ato simbólico, em homenagem, às mulheres que morreram vítimas da violência.
No chão, uma cruz e nas mãos das manifestantes, velas. O ‘Pai Nosso’ foi rezado por mulheres de diferentes municípios e realidades, ligadas pela marca, direta ou indireta, da violência. A delegada da mulher, Erika Farias, recebeu as manifestantes na delegacia. “Aqui, funciona a delegacia da mulher, o atendimento aos grupos vulneráveis, às crianças e aos adolescentes vítimas de agressões. A unidade funciona no horário das 7h às 18h. A mulher lesionada deve nos procurar, aqui, será preparado um documento que será encaminhado ao IML e deste à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes. Provas e informações serão entregues à justiça, por isso o futuro do processo contra o agressor dependerá desse primeiro acolhimento”, disse.
De acordo com a delegada, o antigo Termo de Ocorrência Circunstancial (TOC), com a Lei Maria da Penha, deu lugar ao inquérito policial. A população também pode ligar para o 3205-9400, ou para o número 180, e denunciar a violência.
Maria Inês dos Santos Souza, à frente da coordenação do núcleo que organiza a marcha no estado, revelou-se satisfeita com a presença de São Cristóvão e incentivou a presidente a e vice do COMDIMSC a continuarem com a atuação em parceria com os órgãos municipais, de maneira a assistir a mulher vítima de violência e incentivá-la a denunciar o agressor.
A caminhada parou o trânsito e, com o apoio da SMTT, formou uma grande onda lilás numa das avenidas mais movimentadas da capital, a Av. Barão de Maruim, e mesmo sob sol causticante, a multidão seguiu até a Praça Fausto Cardoso, com apresentações de grupos folclóricos e demais manifestações das militantes.
“Mulher da Roça, Mulher da Roça, Pele queimada, cabelo seco e mão grossa”, setorial de Camponesas.

Identifique os tipos violência:

Violência de Gênero: sofrida pelo fato de ser mulher, sem distinção de raça, classe social, religião, idade ou qualquer outra condição;
Violência Doméstica: ocorre dentro de casa, podendo o agressor ser homem, mulher, criança, adolescente ou adulto;
Violência verbal: são agressões verbais constantes como descaso, indiferenças, insultos, comparações, humilhações, ameaças e ironias;
Violência Moral: ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a honra ou a reputação da mulher;
Violência Patrimonial: ato de violência que implica dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores, ou ter utensílios e móveis quebrados e as roupas rasgadas;
Violência psicológica: é qualquer ação ou omissão destinada a degradar ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões da mulher;
Violência Física: é qualquer ação que usa a força física para ferir, colocando em risco ou causando dano à integridade física de uma pessoa;
Violência sexual: é toda ação que, com o uso da força, intimidação, chantagem e ameaça, obriga uma pessoa a executar ato sexual contra a sua vontade.

Histórico
Em 1981, durante o I Encontro Feminista da América Latina e do Caribe, realizado em Bogotá, na Colômbia, o dia 25 de novembro foi designado o Dia Internacional da Não Violência Contra as Mulheres, em homenagem às três irmãs ativistas políticas: pátria, Minerva e Maria Teresa Mirabal. Elas foram brutalmente assassinadas pela ditadura de Rafael Trujilo, na República Dominicana.

Texto e foto: Yara Santos