19 novembro 2010

LIDERANÇAS PARTICIPAM DE PALESTRA SOBRE COMBATE E PREVENÇÃO ÀS DROGAS















“É o que a gente sente que determina o que a gente faz.” A frase sábia foi citada pela socióloga sanitarista, consultora do Ministério da Saúde, diretora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS) de Diadema/SP, Graziella Barbosa Barreiros, durante a capacitação dos líderes comunitários, dos municípios localizados na região da grande Aracaju, na manhã desta sexta-feira, 19, onde se fizeram presentes as lideranças populares de São Cristóvão e representantes de órgãos que trabalham pelo Combate e Prevenção do Consumo do Álcool e outras drogas, com enfoque no crack.
Promovida pela Secretaria de Estado da Inclusão Assistência e do Desenvolvimento Social (SEIDES), em parceria com a secretaria da saúde, a capacitação foi aberta pelo representante do gabinete da primeira-dama, o assessor técnico, Ciro Brasil.
“O encontro de hoje pode ser chamado de ‘Roda de Conversa’, uma pequena capacitação que está sendo promovida para líderes comunitários de todos os municípios sergipanos. Anteriormente, passaram pela capacitação, integrantes da rede de assistência e membros do conselho tutelar. O crack é um problema de todos nós, por isso precisamos nos mobilizar. Posteriormente, outros segmentos serão capacitados, a exemplo de promotores e magistrados”, informou.
A consultora foi convidada pelo governo do estado e apresentou na ‘conversa’, como preferiu chamar, dados sobre a realidade da cidade de São Paulo para serem utilizados na comparação com o consumo de drogas psicoativas em Sergipe.
A frase que dá início ao texto foi resultado da dinâmica promovida pela consultora, quando provocou o público para saber o que lhe vinha à mente quando pensavam na DROGA. Após palavras como ilusão, preconceito, violência, alguém, finalmente, disse PRAZER.
A partir daí, Graziella, pontuou formas de sentir prazer, como o consumo do álcool, café, coca-cola, remédios, o crack, sendo que a dependência psicoativa causada pelo último tem ceifado a vida de crianças, adolescentes e adultos em todo o mundo.
A linha de pensamento construída na manhã de hoje levou o público a descoisificar o usuário, pois no dito popular, existe uma tendência de afirmar que o álcool, o crack estão acabando com as famílias, mas são os usuários que têm seus impulsos liberados e não se responsabilizam por suas atitudes, o que a mesma classificou como o consumo irresponsável de drogas.
Os dados apresentados mostraram que a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam 1,2 milhões de pessoas usuárias do crack no Brasil. Em Sergipe, municípios como Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana e São Cristóvão, apresentam um quadro crítico que precisa de uma atenção especial de todo o aparato público somado à comunidade.
“Este é um problema complexo com soluções simples, porém um remédio não serve para todos, cada caso é um caso e merece atenção. As pessoas precisam estar juntas, é necessário mobilizar a atenção comunitária, os trabalhadores em rede, por territórios, atenção interdisciplinar e o estado cidadão”.
Em vista dos dados que lhe foram concedidos, a consultora observou que existe um investimento em espaços como fazendas, aonde o usuário é enviado, para tratamento. Graziella levantou algumas questões, quanto ao remédio que não serve para todos, quanto ao querer ir e ser a única solução encontrada pela família, e o problema está dentro do sujeito, de maneira que o acompanhe a qualquer lugar que ele for.
De acordo com o seu entendimento, a família não pode eximir-se da responsabilidade de tratar o usuário, pois a grande tendência é retirá-lo do seio da família e isolá-lo, como se ele fosse o problema. A construção de fazendas e presídios não deve retirar da família o compromisso de lutar pela vida daquele ser humano, começando pela lição de casa, todos os dias.
Após utilizar algumas frases provocativas, a consultora disse que “espera que a capacitação possa ajudar os líderes a aplicar o conhecimento em suas vidas e na comunidade onde vivem”.

Líderes sancristovenses
Após lançado o Plano Municipal de Combate ao Consumo do Álcool e outras drogas, com enfoque no crack, o município de São Cristóvão tem sido pioneiro em suas ações. Apresentando uma realidade preocupante, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública, a união de forças entre Prefeitura Municipal, secretarias, centros de assistência social, poder judiciário e militar, e a comunidade, tem gerado um resultado positivo, pois a família já sabe como observar mudanças no comportamento dos adolescentes, quais órgãos procurar e para onde ligar.
Atentos à palestra, representantes assumiram o compromisso de serem multiplicadores das orientações recebidas tanto da palestrante quanto dos colegas de outros municípios. Maria das Dores de Sousa Alves, a palhaça Pipoquinha, é uma líder comunitária que reside no Rosa Elze, onde pretende somar às ações do município ao conhecimento adquirido.
“Onde moro, existem muitos casos, que atingem crianças e adultos. Vou raciocinar para saber o que farei para multiplicar. É preciso diminuir os riscos da comunidade. O povo fala muito do crack, mas o álcool transforma as pessoas e lá é fácil de crianças comprarem bebidas alcoólicas. É o álcool que abre as portas para todas as drogas”.
Ana Cláudia Silveira de Alcântara, digitadora do programa bolsa família, acompanhou toda a palestra e assumiu a responsabilidade de não só aplicar o que aprendeu em sua família, mas de multiplicar as informações para os profissionais da secretaria da inclusão, através do Cras e do Creas.
Gilvânia de Souza, delegada do orçamento participativo 2009, presidente do conselho municipal da mulher e representante da comunidade Colônia dos Pintos, disse que vai passar as orientações adiante.
“A droga é um problema de todos. Nós mesmos que temos ou não casos na família, estamos vulneráveis a tudo. É preciso investir em formações. São Cristóvão já faz um trabalho de prevenção e combate, em parceria com a delegacia, Creas e as escolas. Por isso, pretendo fazer um trabalho junto com a comunidade, chamando a igreja para a somação”, disse.

Texto e foto: Yara Santos