“Ô Suzanê, cadê Mãe Suzana, Mãe Suzana morreu, No tope da ladeira, Mas meu Deus, cadê ela, oi aí Mãe Suzana”. Na manhã desta quinta-feira, 10, em parceria com a Casa do Iphan, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo realizou um Curso de Educação Patrimonial, onde foram apresentadas as palestras da secretária Aglaé Fontes e do pesquisador, Ivan Rêgo.
Na plateia, o presidente da Câmara Municipal, o vereador Paulinho do Correio; o diretor do Museu Histórico de Sergipe, Thiago Fragata; o maestro da Lira Sancristovense, o músico José Furtunato, entre outros.
A secretária municipal da Cultura e do Turismo, a professora Aglaé Fontes, fundamentou a sua apresentação na pesquisa de Rubens Alves, tratando do hibridismo resultante da miscigenação racial, cultural e social, passeando pela análise das contribuições dos povos presentes nas manifestações.
O São Gonçalo do Amarante, festa de origem ibérica, carrega consigo a lenda de que o santo usava sapatilhas cheias de pregos, como penitência, quando saia para tocar a sua viola para as prostitutas dançarem e gastarem a sua energia. As festas possuem características eclesiásticas e populares, por isso necessita de uma ótica ampliada para serem compreendidas e preservadas, a exemplo dos lapeiros, reisados, pastoris, folia de reis, festa do divino e o Ciclo da Quaresma. A professora pontuou rituais da Festa de Senhor dos Passos, classificando teatral quando os fiéis jogam as mortalhas no andor.
“O que está arraigado no popular é realizado independente da aprovação da igreja. Num país de tantas caras não dá para haver apenas uma forma de expressar, os bons ou ruins somos nós mesmos. São Cristóvão possui o culto católico como tradição, mas o culto negro está presente na cultura do município e ainda vamos caminhar bastante para reconhecer a nossa matriz africana”, disse a secretária.
Segundo os estudos de Rubens Alves, as religiões são criadas a partir das neuroses, revelação dos deuses ou para serem o ópio do povo e em suas manifestações, a dança é um elemento presente que une as expressões.
Em seguida, o pesquisador Ivan Rêgo apresentou a sua palestra sobre as características da Festa de Nosso Senhor dos Passos, analisando todo o entorno do evento, contemplando os bens materiais, imateriais, humanos e sonoros com os quais interage a Festa.“A Praça São Francisco, patrimônio da Humanidade reconhecido pela UNESCO, é o local onde há o encontro entre a imagem do Senhor dos Passos com a de Nossa Senhora, na Procissão do Encontro, onde também acontece o Canto da Verônica, de maneira que o imaterial e o material convivem”, explicou. “Jiruaê ô quimbomba ê, Jiruá, jiruá, esquintin calamundê, Jiruaê ô quibamba ê, vai vai esquintin calamundê”.
Texto e Foto: Yara Santos