17 novembro 2011

CICLO DE ESTUDOS AFROBRASILEIROS TEM INÍCIO COM PALESTRA INTITULADA “CULTURA E HERANÇA AFRICANAS”




Na manhã desta quinta-feira, 17, a Coordenação da Biblioteca Pública Municipal de São Cristóvão Senador Lourival Baptista realizou a primeira palestra do Ciclo de estudos afrobrasileiros, “Cultura e Herança Africanas”, reunindo estudantes em volta de uma palestra proferida pelo professor Edmílson Celestino Barros, seguida de um debate envolvendo todos presentes.
A proposta foi idealizada pela coordenadora da Biblioteca, Rose Mary de Jesus Barros Barbosa, promovendo a temática do 20 de novembro, que se aproxima. “Através do ciclo de estudos, quis proporcionar um momento de enaltecimento da cultura negra, considerando, também, o Mês da Consciência Negra”, explicou.
Na platéia, adolescentes do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Público Estadual Elísio Carmelo, em companhia de professoras, além de toda a equipe da Biblioteca, que operacionalizou o evento. “Fiz uma contextualização em cima da natureza climática que influencia os comportamentos éticos e morais, focalizando a natureza geográfica, tratando do Brasil como um lugar que sofreu a influência material e imaterial da presença africana”, iniciou o professor Celestino.
A fala do professor contemplou os ouvintes com uma fundamentação histórica da formação populacional brasileira, perpassando pela história do novo continente, sobressaltando a questão de Portugal e Inglaterra, o que sustenta a tese de que a Lei assinada pela princesa Izabel veio atender à imposição capitalista da Inglaterra, mostrando o capitalismo como o grande motivador de enxergar o negro escravizado, para formar mercado.
“Por não haver segurança do capital para assegurar a participação, isso só vem ocorrer após a Revolução Inglesa. É exatamente neste processo imaterial que sua presença é maior, saindo de influenciado para influenciador”, defendeu.
No momento em que o negro passou a influenciar, a religião, a culinária e a própria história reconheceu cores, sabores e heróis, como Zumbi dos Palmares.
A intolerância ainda condena a visão sobre as religiões de matrizes africanas ao maniqueísmo, resumindo a riqueza de um povo ao bem ou ao mal.
O candomblé, religião brasileira de matriz africana é praticado em diversas regiões e conhecidos com nomenclaturas diferentes, a exemplo do Rio Grande do Sul, onde é conhecido como batuque; no Maranhão, como Macumba; em Sergipe, Candomblé.
“É difícil exigir que algo que foi introjetado no cérebro das pessoas, passado de geração para geração, seja desconsiderado e, em pouco tempo, elas entendam a diversidade cultural”, afirmou o professor.
Durante a colonização do país, a religião oficial foi a católica, a qual já se subdividiu, surgindo também o protestantismo; o espiritismo; o candomblé; a umbanda, sendo as duas de matrizes africanas, diferenciadas pela primeira ser mais voltada para a matriz e a segunda, de expressão mais nacional, usando vestes folclóricas e mais festiva.
Utilizando referências como Castro Alves, Rui Barbosa, Rebouças, Pierre Verger, Darci Ribeiro e tantos outros, o professor conseguiu conquistar a atenção dos estudantes, provocando um debate, esclarecendo curiosidades sobre a herança deixada pelos povos beninianos, ketus, nagôs, angolanos, responsáveis pelo processo civilizatório brasileiro.
A tolerância à diversidade seja de cor, raça ou etnia, assim como a Consciência, são processos em construção que devem se valer, inicialmente, do respeito de maneira que cada um possa ser do jeito que é, até porque são poucos que abrem mão de um acarajé bem feito, um caruru e um bobó, culinária originária da influência da representação da cultural negra no Brasil.
Nesta sexta-feira, 18, o Ciclo de estudos afrobrasileiros será finalizado pela secretária Municipal da Cultura e Turismo, Aglaé Fontes, com a palestra “A África está em nós”.


Texto e Foto: Yara Santos