11 outubro 2011

DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL É COMEMORADO EM SÃO CRISTÓVÃO






O Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro, foi comemorado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Cristóvão, através desta coordenação, com uma série de palestras e dinâmicas voltadas para os profissionais dos Centros de Atenção Psicossial, durante toda a manhã da segunda-feira, na Unidade Básica de Saúde Figuerôa, localizada no Conjunto Eduardo Gomes.
A dinâmica foi coordenada pela psicóloga Lívia, que iniciou o exercício distribuindo verbos para serem completados pelos presentes, como “eu sinto...”, “eu preciso...”, “eu perdi...”, “eu ganhei...”, revelando um pouco mais do pessoal deste profissional que se dedica a cuidar do usuário, mas que também necessita ser cuidado.
Para finalizar as dinâmicas, cada profissional fez um desenho de uma figura humana, através da qual revelaram pontos marcantes de sua vida: palavras que disseram e se arrependeram, idéias das quais não abrem mão, três amores, três ações inesquecíveis e os melhores lugares por onde passaram.
“A proposta do desenho é fortificar os laços entre os profissionais”, disse a psicóloga, Lívia.
A coordenadora Municipal de Saúde Mental, Edjane Mendes, apresentou o correio elegante, uma forma de emitir recados aos amigos, através de bilhetinhos, lidos por ela no espaço coletivo. Através desta dinâmica, diversos colegas elogiaram os trabalhos uns dos outros e foram feitas declarações de amor fraternal, integrando todo o grupo.
Realizadas as dinâmicas, foram apresentadas as palestras da Terapeuta Ocupacional (T.O.), Mônica Raupp, que apresentou a realidade estrutural e ideológica do sistema de saúde, confrontando a Terapia ocupacional com a Psicologia, já que enfrenta constantemente a equiparação e a conseqüente dificuldade para a implantação desta.
“No CAPS, a equipe tem que querer ser um time que faça gol, encontrando a mesma linguagem e implantando a rede, através da interdisciplicinaridade”, reforçou.
Segundo a terapeuta, antigamente o médico comparecia nas casas das pessoas e atendia os chamados, porém atualmente, até os usuários reclamam da impessoalidade destes profissionais que pouco lhe olham nos olhos.
Em seguida, a psicóloga Sheila Barboza, apresentou a palestra ‘o sistema CAPS x Sistema Único de Saúde’, traçando um histórico dos métodos utilizados para cuidar do portador de transtorno mental.
De acordo com a sua pesquisa, o antigo modelo manicomial entra em contradição com o atual modelo substitutivo. “Inicialmente, os portadores de transtornos eram postos em navios e enviados para os seus países de origem, dando origem à expressão ‘naus dos loucos’. No século 17, a loucura era tratada de forma exclusiva, unindo os portadores a leprosos, geralmente, em instituições regidas por religiosos”, disse.
O teórico Pinel teria retirado as correntes e criado uma nova camisa de força invisível, a moral, alicerçando esta instituição que presta atenção e tutela. A modalidade a que se refere a psicóloga define o tratamento punitivo prestado aos portadores de transtornos mentais, os quais mediante o classificado mau comportamento, são punidos.
“A lucratividade da Saúde Mental surgiu durante a Ditadura, na década de 60, quando o governo passou a comprar os serviços das clínicas psiquiátricas particulares, o que torna a implantação dos CAPS uma função difícil, pois dentre as outras barreiras, lida com os proprietários de hospitais. Tendo surgido no Brasil em 1986, a concepção de sistema CAPS precisa desconstruir e abrir o espaço para novas concepções no que se refere ao tratamento de portadores mentais”, explanou
Enfim, o Dia Mundial da Saúde Mental, em São Cristóvão, serviu para que os profissionais que desenvolvem esse trabalho pudessem humanizar as suas figuras, tornando-se mais próximos, além de conhecerem um pouco mais do surgimento do sistema CAPS e dos modelos de atendimento que já foram destinados ao portador de transtorno mental, hoje, encarado como um ser humano que necessita de cuidados, de integração social, distante das formas reclusivas e punitivas praticadas há séculos.













Texto e Fotos: Yara Santos